sábado, 17 de setembro de 2011

Yoga e Magia como uma Ciência Divina Única

Por Frater Prophecy

Houve uma época, há muito tempo atrás, quando uma compreensão universal dos princípios divinos foi unida em um único caminho. Esse sistema não era perturbado por extremos, porque tudo estava em equilíbrio. Ele não apenas desenvolvia o ser interno, e nem desenvolvia somente os corpos inferiores e a autoridade sobre mundos externos. O seu conhecimento do indivíduo era tão extenso quanto seu conhecimento do macrocosmo, e ambos os conhecimentos eram tão volumosos que seus ensinamentos nunca poderiam ter sido colocados na escrita efetivamente. Era a perfeição da compreensão divina. Essa ciência, porém, era muito avançada para ser retida com muito sucesso pela natureza fragmentada e pouco desenvolvida intelectualmente do Kali Yuga (N.T.: um dos ciclos de evolução espiritual, de acordo com o Brahmanismo e a Teosofia). Dessa forma, na medida em que a consciência foi atrofiando para trás, do Dwapara Yuga para o Kali Yuga, essa ciência se tornou fragmentada e despedaçada por vários grupos. O melhor deles encontrou seu lar, por um curto tempo, no coração da Índia. Aqui ele ficou por algum tempo,mas, na medida em que a Índia impulsionava suas fronteiras para o oeste, para cruzar o Mar Cáspio e para baixo, a fim de desafiar os limites do Mar Mediterrâneo, as pessoas que realmente compreendiam essa chave divina começaram a ficar espaçadas. Pessoas demais começaram a aprender pouco demais dessa ciência antes de levarem sua pequena porção dessas instruções para direções diferentes, em vários lugares do mundo. Quando esse conhecimento se encontrou e se chocou com as crenças indígenas das culturas e almas mais jovens que batalharam pela fronteira da Índia, originados do separado Kali Yuga, esse conhecimento se tornou ainda mais obscuro. Em pouco tempo, a Índia se fragmentaria por causa das vastas diferenças culturais entre o Leste e o Oeste, e por causa do poder da guerra que formava países. Os ensinamentos se tornariam ainda mais separados de seu lugar original na medida em que viajavam para as terras agora arábicas do Oriente Médio. As Montanhas do Himalaia, agindo sempre como o refrigerador pessoal de Deus, preservou significantes partes dessa ciência quando ela começou a se dissipar, porque o novo ciclo de almas jovens não ainda prontas para tais ensinamentos entraram em encarnação durante essa era sombria. A parte meditativa da ciência foi preservada pelas frias muralhas dessas montanhas, e elas ainda mantêm os mistérios meditativos completos hoje, para aqueles que ousariam tentar ultrapassá-las e procurar os adeptos das montanhas da Índia, os Siddhas imortais.
O império ocidental, mais industrial e expansivo, mudando de governo muito mais frequentemente do que a terra que agora é a Índia, se fragmentou em cultura e se tornou único e distinto. Por alguma razão, apenas pedaços da parte meditativa da ciência conseguiram entrar nas regiões ocidentais. A parte mágica, porém, permaneceu bastante inteira e viva. Pode-se adivinhar que os instáveis ambientes políticos impulsionaram essas pessoas a valorizarem a autoridade sobre seus ambientes próximos mais do que a meditação interna, e portanto eles se tornaram mais interessados nos aspectos mágicos, enquanto os componentes místicos se tornaram lentamente mais e mais esquecidos por causa da ignorância. Um pedaço raiz das ideias originais por trás da ciência permaneceu nas mãos dos iniciados verdadeiros, que formariam depois a inteira base do Alto Sacerdócio Egípcio. Grupos também se separariam e viajariam mais para o norte, onde formariam grupos nômades de homens sábios e viajantes, dos quais tais pessoas como Pitágoras aprenderiam os mistérios, e os quais gerariam Grandes Mestres como Zoroastro. As culturas das várias terras mudariam naturalmente a imagem aparente desses ensinamentos com o passar do tempo, mas quando o intelectual observa as várias tradições de mistérios se torna evidente que elas todas vieram de uma única ciência.
No “Oeste” da época, a Grécia surgiu como a preservadora de uma grande parte dos mistérios do que provavelmente qualquer outro país daquele tempo. A posição honorária de Alto Sacerdote concedida aos Faraós egípcios fez com que o sistema de templos mudasse o suficiente para que os Mistérios Egípcios não tivessem mais tanta integridade quanto tiveram um dia. Ainda contendo grande sabedoria com eles, porém, viajantes gregos e iniciados nômades pegariam de volta peças do agora pesadamente dividido quebra-cabeças através de encontros com magos árabes, iogues renunciantes nômades e, ocasionalmente, com tribos de magos. A coleção do que pareceu ter sido o melhor desses se uniu e formou a Escola de Mistérios Eleusiniana.
Os Mistérios Eleusinianos têm o seu nome derivado de sua terra de origem, Eleusiana em Attica. Acredita-se que se originaram lá mais ou menos em 1400 a.C., alguma evidência sugerindo que a escola foi fundada por um adepto chamado Eumolpos. Os rituais eram baseados, em sua maioria, no drama de Ceres e Perséfone, com os Pequenos Mistérios focando mais na abdução de Perséfone por Plutão. Muitos interpretaram esse ato erradamente como uma representação da mudança das estações, e embora os iniciados eleusinianos claramente compreendessem essa conexão por causa de seus ritos baseados em estações, eles também viam claramente dentro desse drama a queda de consciência para o ser inferior. A eles, Hades representava aqui o corpo material, Plutão as paixões animais e a carne, e Perséfone a consciência da alma. O lugar de descanso da alma, justo igual a Perséfone, está naturalmente nos mundos superiores. Quando envolvido num corpo, essa consciência é roubada para níveis animais e inferiores, onde é mantido escondido num lugar de sombras e tristezas (os testes de Maya).
Os Pequenos Mistérios da Escola Eleusiniana eram, portanto, uma série de instruções de como a consciência poderia ser elevada de volta aos mundos superiores. Essa série foi feita para ensinar ao aspirante exatamente em qual tipo de situação degradada ele se encontrava, e isso era enfatizado de muitas maneiras pelos locais subterrâneos e sombrios das iniciações inferiores. Na medida em que ele subia, mais próximo ao mundo superior, mais e mais luz se tornava visível ao aspirante. O seu ser superior, sua alma divina, era simbolizada por Ceres procurando por sua filha. Quando a alma entra em comunicação com a mente, representado por Ceres encontrando Perséfone, então a Alma-Ceres alcançaria a liberação temporária de Consciência-Perséfone através de um acerto com o Ser Animal-Plutão no qual ela pudesse deixar os limites do Corpo-Hades. Qual é a razão desse acerto? Isso era uma parte dos Grandes Mistérios, mas pode, pelo menos, ser discutida em termos gerais. Perséfone tinha comido a Romã, o fruto da mortalidade, e portanto não era mais um aspecto da verdadeira divindade. Igual a Eva, que é representada como sendo expulsa do Jardim do Éden por ter comido a fruta na Árvore do Conhecimento, e sendo não mais permitida a retornar, Perséfone não é mais permitida a viver inteiramente com os deuses. Isso representava a influência do pecado carnal, do mal inerente do corpo de carne, e a necessidade de se reencarnar para se tornar totalmente liberto. Apesar de esse aparentemente mitológico mistério terminar aqui na história, o adepto eleunisiano compreendia claramente que ele tinha o poder de liberar Perséfone para sempre de suas algemas que a mantinham retornando a Hades. Através de rigorosa devoção ao exercício espiritual, ele sabia que ele poderia liberar sua própria consciência de seu Inferno de carne e osso, e nunca mais precisaria voltar.
As práticas ensinadas pela Escola de Mistérios Eleusiniana, até nos Pequenos Mistérios, eram altamente meditativas. Elas frequentemente envolviam uma série de visualizações elaboradas feitas para acalmar a mente e restaurar uma sensação profunda de paz. A renúncia e estrito modo de vida moral eram um pré-requisito para a realização do Adeptado na opinião deles, e pode-se especular que alguma técnica parecida com Pranayama era praticada nos estágios superiores. A influência do misticismo oriental pode ser vista claramente em seus mistérios, e os rituais eleusinianos eram até terminados com a frase em sânscrito “Konx OM Pax”. Podemos supor, da evidência disponível, que a essa união correta das práticas espirituais hindus e egípcias foi dado apenas um toque grego pela Escola Eleunisiana, mas em sua combinação posterior em uma única ciência havia bastante poder. Platão, Cícero, Epictetus e outras grandes mentes da época consideravam muito os Mistérios Eleusinianos, e muitos indivíduos grandemente respeitados daquela época eram iniciados dessa escola.
A Escola de Mistérios Eleusiniana sobreviveu até mais ou menos 400 d.C., quando foi suprimida por Theodosius. Nos últimos séculos de sua existência, ela foi capaz de testemunhar um adepto fenomenal que emergia do ventre da Grécia: Apolônio de Tyana, que um dia seria iniciado honorariamente na escola. Existe bastante história sobre esse homem excelente e divino, mas aqui eu considerarei apenas um certo ponto de importância considerável.
Apolônio, até mesmo como um jovem adulto, era um iniciado famoso na região. Não só era seu modo de vida correto e inspirador, mas não poucos milagres, particularmente curas, eram atribuídos a ele. Ele ganhou muita fama viajando de cidade a cidade e se encontrando com os hierofantes das várias escolas de mistérios de seu tempo. Quando se encontrava com eles, ele era incluído em um encontro muito privado, no qual os iniciados daquela escola executavam todos os rituais na presença dele, e ele criticava cada um deles e redesenhava o ritual ao que ele propunha como sua forma e beleza original. Sua habilidade de ganhar um acesso quase instantâneo das câmaras mais profundas dos maiores templos se relaciona fenomenalmente à sua poderosa presença e sua enorme compreensão da ciência divina.
É provável que essa profunda compreensão produziria em seu coração um desejo ardente e insaciável de viajar para a Índia. Dessa forma, após executar algumas tarefas às pessoas da Grécia, ele viajou à pé nas montanhas da Índia. Ali ele foi bem recebido por um mensageiro que o aguardava na base da montanha, e sendo escoltado para cima através da névoa, ele permaneceu lá, separado de seus discípulos, por oito meses. No fim desse período, ele desceu novamente a montanha, uniu seus seguidores, e sem falar muito sobre o seu período lá ele retornou rapidamente para a Grécia. As práticas yógicas que ele aprendeu na Índia, quando combinadas com seu domínio da arte mágica ocidental, o levaram a um nível de perfeição que ele não tinha conhecido anteriormente.Quando ele retornou ao seu país de nascimento, não apenas ele executou mais milagres, mas também alguns mais impressionantes. Ele adquiriu um número de habilidades que ele não tinha possuído antes, particularmente uma poderosa telepatia e a habilidade de se projetar astralmente, e podemos sugerir, de certos contos de suas práticas, que ele aprendeu pranayama e vários exercícios de visualização. Para a alma de Apolônio, sua aventura na Índia foi apenas um retorno para casa. Sua estadia nas montanhas foi simplesmente um retorno a seu guru por um curto período de tempo em sua presente encarnação.
É provavelmente seguro atribuir a fama ainda muito presente no mundo da magia a sua compreensão combinada da magia ocidental e da yoga oriental como uma única ciência divina. As duas, quando combinadas, permitiriam uma expressão perfeita da harmonia divina não apenas de fora para dentro, mas de dentro para fora também.
Outro adepto peculiar, mas também muito famoso, que compreendia essa união foi o Conde de Saint Germain. Esse homem misterioso, que Manly P. Hall chama de “a mais embaraçosa personalidade da história”, apareceu numa cena de política europeia e altos eventos sociais no início do século dezoito. Ele era um homem de charme singular, astúcia extraordinária, habilidade sem paralelos em tudo em que ele se aplicava, talento musical incontestável (em tocar e em escrever), e peculiaridades fenomenais. Ele era tão ambidestro que poderia escrever simultaneamente, com ambas as mãos, com tanta perfeição que se os papeis fossem sobrepostos e iluminados, as letras sobreporiam uma a outra sem falhas. Ele compôs um número de performances musicais, uma ópera curta, uma coleção de pequenos contos, e era conhecido em sua época como um notável astrólogo, um belo artista e um excelente historiador que falava de eventos que ocorreram nos 2000 anos anteriores como se ele tivesse estado presente neles.
A habilidade alquímica do Conde deu a ele grande fama, e era declarado em certos círculos, até em sua própria encarnação, que ele era de fato imortal, e usava um certo elixir para preservar sua juventude. Isso começou como rumores, contudo, depois de estar no olhar público por quase 60 anos e não envelhecer nem um ano, a verdade se tornou conhecida. Suspeitava-se que ele se engajava em operações mágicas e ritualísticas, e a impressionante exatidão de suas profecias o tornaram conhecido como um adepto mágico. Um aspecto particularmente único das supostas práticas do Conde, porém, envolvia um período diário de duas horas nas quais ele era deixado imperturbado em quaisquer salas nas quais ele estava naquela hora. Em mais de uma ocasião, um inocente passante estava andando no condado naquela época e encontrou-o sentado em perfeita Padmasana, mergulhado em profunda meditação. O Conde comentou para uma pessoa que ele tinha um lugar privado nas Montanhas do Himalaia que ele visitava a cada oito anos para a meditação e solidão.
Agora, Madame Blavatsky fornece uma interessante história aqui. Existe uma vila, conhecida por aqueles familiares com o Tibet, que é fora do Tibet e ao sul, escondida nos sopés do poderoso Himalaia. Essa vila contém aproximadamente 900 pessoas, todas as quais engajadas ativamente na prática conjunta da magia (a qual eles chamam de “tantra”) e da yoga. Trezentos são adeptos mestres, e os outros 600 são seus estudantes. Até hoje, essa vila constitui a maior concentração de iniciados e adeptos do mundo inteiro. Em meados de 1800, Blavatsky se tornou uma das poucas ocidentais a encontrar essa vila e ser aceita entre eles. Enquanto estava lá, soube de um evento muito peculiar que tinha acontecido 50 anos ou mais antes, o que não seria muito posterior à última visão pública de Saint Germain antes de seu desaparecimento. O mestre-iniciador dirigente, chamado Hierofante no vocabulário ocidental, ou o satguru no vocabulário oriental, contou a Blavatsky que um visitante não esperado tinha vindo do Oeste para a cidade. O homem era muito jovem, não acima dos 20 anos, com cabelo loiro e olhos azuis, e uma pele pálida. Ele sabia a linguagem tibetana excelentemente, e conseguia falar o dialeto daquela vila em particular com perfeição. Ele conhecia todas as suas roupas, todos os seus rituais, todas as suas práticas, preces, deuses, em essência, tudo sobre eles. Ele podia demonstrar todo poder oculto conhecido, e o fazia com grande facilidade. O satguru dirigente daquela vila naquela época deu sua posição ao jovem homem voluntariamente, e o declarou como um deus na carne. O misterioso adepto ocidental governou a vila dessa maneira por vários anos, e um dia desapareceu tão rapidamente quanto tinha aparecido. A descrição, até o caráter, se encaixa com Saint Germain perfeitamente.
Quaisquer tenham sido as práticas desse homem misterioso, elas claramente envolviam uma saudável porção de ocultismo ocidental e yoga oriental. Quando unidos, o resultado foi esse adepto singularmente extraordinário que apareceu na Europa por um período de mais ou menos 70 anos sem nunca mostrar um sinal de envelhecimento, e então desapareceu tão misteriosamente quanto tinha aparecido.
Eu dei exemplos dos prestigiosos Mistérios Eleusinianos, o nobre Apolônio de Tyana, e o grande e misterioso Conte de Saint Germain para ilustrar, dentro da mente do estudante, alguns dos belos resultados do casamento alquímico entre a magia e a yoga. Aqueles interessados em pesquisar isso mais profundamente fariam bem em pesquisar, com grande esforço, a vida e ensinamentos de Pitágoras de Samos, e, depois, de Platão. Quando as duas coisas são unidas para serem compreendidas como uma única ciência, que cada componente não é apenas compatível mas de fato projetado para a presença do outro componente, então um verdadeiro adepto surge de sua interação.
Na parte inferior do arco descendente de devolução, chamado de Kali Yuga, a tradição dos mistérios se torna dividida. Na medida em que o arco se vira e começa a ascender para cima novamente, porém, a tradição dos mistérios e as práticas da espiritualidade ativa alcançam um nível completo de realização novamente como uma única ciência divina. O próprio Kali Yuga toma e despedaça a sabedoria divina a um grau variante, baseando-se no nível de evolução dentro daquela era, mas na medida em que a consciência humana evolui para se tornar pronta para o próximo estágio de evolução global, a ciência divina retorna à sua forma ilustre e original.
Que as duas presentes ciências do mundo, a magia e a yoga, são feitas uma para a outra, não é duvidado por um instante pela mente do estudante que rigorosa e devotamente se submeteu à sua prática combinada. Obviamente, os dois não podem ser cegamente misturados, mas a eles deve ser dada uma abordagem metódica e científica.

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